LOVE SONG
He loved her and she loved him.
His kisses sucked out her whole past and future or tried to
He had no other appetite
She bit him she gnawed him she sucked
She wanted him complete inside her
Safe and sure forever and ever
Their little cries fluttered into the curtains
Her eyes wanted nothing to get away
Her looks nailed down his hands his wrists his elbows
He gripped her hard so that life
Should not drag her from that moment
He wanted all future to cease
He wanted to topple with his arms round her
Off that moment's brink and into nothing
Or everlasting or whatever there was
Her embrace was an immense press
To print him into her bones
His smiles were the garrets of a fairy palace
Where the real world would never come
Her smiles were spider bites
So he would lie still till she felt hungry
His words were occupying armies
Her laughs were an assassin's attempts
His looks were bullets daggers of revenge
His glances were ghosts in the corner with horrible secrets
His whispers were whips and jackboots
Her kisses were lawyers steadily writing
His caresses were the last hooks of a castaway
Her love-tricks were the grinding of locks
And their deep cries crawled over the floors
Like an animal dragging a great trap
His promises were the surgeon's gag
Her promises took the top off his skull
She would get a brooch made of it
His vows pulled out all her sinews
He showed her how to make a love-knot
Her vows put his eyes in formalin
At the back of her secret drawer
Their screams stuck in the wall
Their heads fell apart into sleep like the two halves
Of a lopped melon, but love is hard to stop
In their entwined sleep they exchanged arms and legs
In their dreams their brains took each other hostage
In the morning they wore each other's face
(Ted Hughes)
(Margarita Sikorskaia)
CANÇÃO DE AMOR
Ele amava-a e ela amava-o.
Os beijos dele sugavam-lhe todo o seu passado e todo o seu futuro, ou tentavam-no
Ele não tinha qualquer outro apetite
Ela mordia-o, roía-o, chupava-o
Ela queria-o inteiro dentro dela
Seguro e certo para todo o sempre
Os seus gemidos alvoroçando-se cortinas adentro
Os olhos dela não deixavam que nada escapasse
Os olhares dela prendiam-lhe as mãos, os pulsos, os cotovelos
Ele agarrava-a com toda a força para que a vida
Não a arrastasse para fora desse momento
Ele queria que todo o futuro acabasse
Ele a desabar, com os seus braços a rodeá-la
Para fora daquele momento, para dentro do nada
Para todo o sempre ou para o que quer que viesse
O abraço dela era uma enorme prensa
Que o imprimia até aos ossos
Os sorrisos dele eram o sótão de um palácio encantado
Onde a realidade nunca entraria
Os sorrisos dela eram mordidelas de aranha
Assim, ele permanecia tranquilamente deitado até que ela sentisse fome
As palavras dele eram exércitos ocupantes
As gargalhadas dela eram tentativas de assassinato
Os olhares dele eram balas, dardejando vingança
Os olhares de relance dela eram fantasmas nos cantos, com segredos terríveis
Os sussuros dele eram chicotes e botas de montar
Os beijos dela eram advogados, escrevendo sem parar
As carícias dele eram o último dos anzóis de um náufrago
Os ardis de amor dela eram o ranger das fechaduras
E os gritos profundos de ambos arrastavam-se pelo chão
Como um animal preso a uma enorme armadilha
As promessas dele eram a máscara de um cirurgião
As promessas dela arrancavam-lhe o escalpe
Ela mandaria fazer dele um broche
As promessas dele arrancaram-lhe todos os tendões
Ele mostrou-lhe como fazer um nó de amor
As promessas dela mergulharam-lhe os olhos em formalina
Por detrás da sua gaveta secreta
Os gritos de ambos cravados na parede
As cabeças de ambos separaram-se no sono como duas metades
De um melão mutilado, mas é difícil reprimir o amor
No seu sono entrelaçado, trocaram braços e pernas
Nos seus sonhos, o cérebro de cada um fez o do outro refém
Pela manhã, cada um vestia o rosto do outro.
(Ted Hughes traduzido por Maria Eu)
Que lindo amor!
ResponderEliminarPara além de qualquer limite!
EliminarBeijinhos Marianos, Til! :)
Podem mascarar a miséria,
ResponderEliminarMascarar a repressão.
Tentar entorpecer minhas ideias
Mas reprimir o meu Amor, nunca o farão.
Bom Fim de Semana Maria :)
Não há como!
EliminarBeijinhos Marianos, Legionário, e um fim de semana cheio de sol! :)
Esta é a parte do amor
ResponderEliminarque soa melhor
ou não fosse uma canção
Verdade, Rogério!
EliminarBeijinhos Marianos e bom Domeingo! :)
Avassalador. E a trudução está esplêndida!
ResponderEliminarAvassalador é a palavra certa, Tio!
EliminarObrigada, muito!
Beijinhos Marianos! :)
O amor, sempre o amor. Ted Hughes tem poemas fantásticos. Oh e a pintura lindíssima! Adorei.
ResponderEliminarBom fim de semana, Maria!
Kiss
Ted e Sylvia, um amor com resultados "explosivos"!
EliminarObrigada, Vénus!
Beijinhos Marianos e um bom fim de semana! :)
Magnífico poema, magnífica versão portuguesa. Talvez, muito provavelmente, uma canção de Ted para Sylvia, ela própria autora de outra célebre Love Song: dois sonhadores, perdidos nos seus labirintos.
ResponderEliminarBoa tarde, Maria :)
Sim, escreveu-o para Sylvia. Um amor obsessivo, de uma intensidade quase doentia...mas do qual resultaram palavras maravilhosas!
Eliminar(temo que a tradução não seja muito boa mas foi como senti o poema)
Beijinhos Marianos, Xil, e muito obrigada! :)