sábado, fevereiro 01, 2014

Memória (porque quero tê-la, sempre)

"(...) fui dar com Gonçalo Pena a fazer um comício: «Não me quilhem com discursos de neutralidade nem me venham dizer que Salazar salvou o País. A neutralidade de Portugal foi uma falsa neutralidade, Salazar obrigou a mocidade e os próprios jogadores de futebol a fazer a saudação fascista e esperou sempre a vitória dos Nazis. Agora vai fazer-se com os vencedores e os Aliados vão pôr-nos os cornos mais uma vez».
(...)
Ainda hoje, quando oiço um certo blá-blá sobre a superioridade moral das democracias ocidentais, apetece-me dizer como Gonçalo Pena: Não me quilhem, não me lixem, não me fodam.
(...)
Portanto, não me lixem. Eu era uma criança, tinha a idade da inocência e não esqueço, nunca mais esquecerei. Salazar prometera eleições para Novembro, mas a 22 de Outubro de 1945 a polícia política passou a chamar-se PIDE."

Manuel Alegre, in Alma.

 (Young boys being trained during the Youth Movement - Bernard Hoffman,1940, fotógrafo da Life Magazine)

Porque, em tempos de crise, há sempre a ressurreição de velhas figuras e de tempos idos, importa recordar. A memória é a âncora mais segura para que o barco se não solte e fique à mercê dos temporais.

9 comentários:

  1. Pois, infelizmente o ser humano tem memória curta. Uns por causa disso mesmo, esqueceram-se, outros porque nunca viveram nessa época ou se viveram eram miúdos e não se lembram de tempos difíceis para o povo português, que somos nós todos, e por aquilo que muitos passaram, alguns que foram torturados e alguns mortos, uma guerra colonial que a única coisa que semeou foi ódio e miséria entre povos e que deixou as suas cicatrizes bem fundas.
    Era bom que o ser humano conseguisse viver com o suficiente para não haver miséria, pobreza e fome no Mundo, era ?!
    Vamos pelo menos lutar por isso porque vale a pena !!!

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    1. E, pelos vistos, muitos odeiam quem se lembra...

      Beijinhos Marianos, Ricardo! :)

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  2. Ontem fui ao Museu Escolar dos Marrazes (Leiria) doar livros e aproveitei para o visitar.
    Dei comigo a reviver tempos do fascismo: "Deus, Pátria, Autoridade", a Mocidade Portuguesa...
    Se não invertermos o rumo...

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  3. A vida dos povos prova a necessidade de repetições que impressionem. Acumulações de ruínas e torrentes de sangue são, por vezes, necessárias para que a alma de uma raça assimile certas verdades experimentais.
    Muitas vezes ela não se aproveita disso durante muito tempo porquanto, em virtude da diminuta duração da memória afectiva, as aquisições experimentais de uma geração servem pouco para outra.
    Todas as nações verificam, desde as origens do mundo, que a anarquia termina pela ditadura. Mas dessa eterna lição elas não tiram qualquer proveito. Repetidos factos mostram que as precauções são o melhor meio de favorecer a extensão de uma crença religiosa, mas isso não impede que, sem tréguas, essas perseguições continuem. A experiência ensina ainda que ceder perpetuamente a ameaças populares é condenar-se a tornar impossível qualquer governo. Vemos, no entanto, que os políticos diariamente olvidam essa evidência.

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    1. Cabe-nos a nós saber, recordar, não repetir.

      Beijinhos Marianos, Legionário! :)

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  4. Curiosamente, ainda neste Sábado à noite, no concurso da RTP "Sabe ou não sabe", se falou na "Mocidade Portuguesa"... e fiquei chocada ao ver que nem o concorrente (um senhor a rondar os setentas) nem a pessoa que o tentou ajudar, uma senhora que não tem aspecto de ser mais nova do eu, não terem memória nem conhecerem sequer o nome! Unbelievable!!
    (Se quiseres, espreita AQUI entre o minuto 25:48 e o minuto 28:09)


    Beijinhos de feliz memória
    (^^)

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    1. Mesmo tu, que não és dada a estas coisas, sabes bem...

      Beijinhos Marianos, Afrodite! :)

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  5. Obrigada, Youssef!

    Beijinhos Marianos, bem portugueses! :)

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