(Caravaggio)
Ellen Bass - Ode To The God Of Atheists
The god of atheists won’t burn you at the stake
or pry off your fingernails. Nor will it make you
bow or beg, rake your skin with thorns,
or buy gold leaf and stained-glass windows.
It won’t insist you fast or twist
the shape of your sexual hunger.
There are no wars fought for it, no women stoned for it.
You don’t have to veil your face for it
or bloody your knees.
You don’t have to sing.
The plums that bloom extravagantly,
the dolphins that stitch sky to sea,
each pebble and fern, pond and fish
are yours whether or not you believe.
When fog is ripped away
just as a rust red thumb slides across the moon,
the god of atheists isn’t rewarding you
for waking up in the middle of the night
and shivering barefoot in the field.
This god is not moved by the musk
of incense or bowls of oranges,
the mask brushed with cochineal,
polished rib of the lion.
Eat the macerated leaves
of the sacred plant. Dance
till the stars blur to a spangly river.
Rain, if it comes, will come.
This god loves the virus as much as the child.
(do blog do Luís Soares)
Ellen Bass - Ode ao
Deus dos Ateus
O deus dos ateus não te queima numa estaca
nem te arranca as unhas. Sequer te fará
vergar ou implorar, castigar a tua carne com espinhos
nem comprar folhas de ouro ou janelas de vitrais.
Não te forçará a jejuar ou a distorcer
a expressão do teu apetite sexual.
Não há guerras nem mulheres apedrejadas em seu nome.
Não tens que cobrir a face com um véu
nem esfacelar os joelhos
ou cantar em seu nome.
As ameixieiras que florescem exuberantemente
os golfinhos que costuram o céu ao mar
cada seixo, feto, lago, peixe
pertencem-te, acredites ou não.
Quando o nevoeiro se dispersa
como se um dedo vermelho deslizasse pela lua
não é uma recompensa do deus dos ateus
por ter acordado a meio da noite
tremendo, descalço, no
campo.
Este deus não se enternece com almíscar
nem com incenso ou taças de laranjas
a máscara luzidia de cochinilla
costela polida do leão.
Come as folhas maceradas
da planta sagrada. Dança
até que as estrelas sejam um rio de lantejoulas.
Se a chuva cair, cairá.
Este deus ama igualmente o vírus e a criança.
(tradução de Maria Eu)
(tradução de Maria Eu)
Gosto desse Deus dos ateus.
ResponderEliminarEu também, Cuca!
EliminarBeijos :)
O Deus dos crentes também não. Não é Deus, mas o homem, que faz tudo isso que o poema elenca. :)
ResponderEliminarE não é deus uma criação do homem?
EliminarBeijos, Luísa :)
"cada seixo, feto, lago, peixe
ResponderEliminarpertencem-te, acredites ou não."
que bom ouvir-te isso
quase o tinha esquecido
De quando em vez, esquecemo-nos do que é primordial, Rogério.
Eliminarbeijinhos :)
Criança?
ResponderEliminarPois eu entendo-te!
Gostas né?
Eu não o/a entendo.
Eliminarjá alguém dizia: Sou ateu, graças a deus!
ResponderEliminar:)
Um trocadilho com o seu quê de lógico... ;)
EliminarBeijos, Flor :)
"Os golfinhos que costuram o céu ao mar"!
ResponderEliminarBasta um verso para que o paraíso não se perca, Maria. Quanto a Deus que há quem diga ser um só... É um Só ou só um?
Bj.
Deus, criação do homem, um, múltiplos... Fosse factor de união e paz em vez de, tantas vezes, nome gritado na chacina e outras iniquidades...
EliminarBeijinhos, Agostinho :)
o meu deus é melhor que o teu...
ResponderEliminarprovocação à parte, não havendo compreensão entre os Homens e religiões esse deus é o meu deus.
Beijos
Sejamos justos. Isso faz de nós deuses.
EliminarBeijinhos, Urso Misha :)
Um "Deus" para Ateus, não existe de todo.
ResponderEliminarSó na poesia.
Só numa fantasia de espírito livre.
Bjnhs
Acho que essa era mesmo a ideia da poeta.
EliminarBeijinhos, mz :)
Christopher Tye.... confesso que desconhecia por completo a existência passada desse compositor. :) O que é facto assente é que o Renascimento está repleto de magníficos exemplos de música celestial. Beijocas profanas com sabor a ateísmo. ;))
ResponderEliminarEna! Um compositor que não conheces é quase milagre, amarelinho!
EliminarBeijinhos, desaparecido musical :)
"A fé não vê, mas vê-se: não vê, porque não vê os seus objectos, mas vê-se, porque se vê nos seus efeitos." Pe. António Vieira
ResponderEliminarBoa semana, Maria :))
Pena que os efeitos da fé nem sempre sejam os melhores...
EliminarBeijinhos, Legionário :)
O nosso Deus é aquele ao qual nos apegamos. Esse nunca tem defeitos, apenas virtudas, seja ele qual for o Deus de cada um. Beijinho Maria
ResponderEliminarOu chamemos-lhe outra coisa qualquer, desde que nos faça prosseguir com mais vontade.
EliminarBeijos, GM :)