segunda-feira, abril 11, 2016

Caminhos

(Kerry Skarbakka)


Sobre ele caíra a ira dos bravos, dos sábios, dos bons. Um de entre eles, julgara-se. Houvera jogos de xadrez, viagens exóticas, jantares regados com vinhos absurdamente caros. Mais, tinham frequentado o mesmo sofisticado e restrito clube onde partilhavam a sala de fumo de onde saíam com o travo dos Cohibas esplendidos e o sorriso displicente dos que são superiores. Agora, relegado para a cervejaria da esquina, restava-lhe sair para o vento da rua e fumar uma cigarrilha junto com alguns clientes que lhe falavam do tempo e da política corriqueira que se segue nos tablóides. 
Ele ainda não sabe mas os que julgara bravos, sábios e bons eram, afinal, covardes, ignorantes e maus. A sua desgraça poderia ser a sua redenção.


19 comentários:

  1. De la linea clásica me gusta el Cohiba Lanceros. Una desgracia, pero quiza la redención.

    Abrazo, Maria

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  2. A redenção é sempre temporária, toda a vaidade será rejeitada como forma de dizer-se que nada existe infinitamente, essa pretensão que se vê em certos meandros do poder e afins, o riso de escárnio a soberba, durará o tempo em que dura uma palavra para ser dita.
    Depois os amigos já desapareceram há muito, os amigalhaços estão a desaparecer, a comunicação social esquece… e o esquecido fenece irremediavelmente!

    Boa semana, Maria :))

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    1. A atracção pela voragem do que o dinheiro pode comprar sem a reflexão que se impõe.

      Beijinhos, Legionário :)

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  3. Maior a subida, maior a queda. Nada nem ninguém quer saber, ou muito poucos, a não ser para ajudar na descida... Beijinho Maria

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  4. Querida Maria Eu,
    Do que ele se livrou... esses clubes são um enfado. Pena que os não tivesse sabido escolher antes, como também não soube depois.
    Boa noite,
    Outro Ente.

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    1. A ambição pode cegar.

      Boa tarde, caro Ente. Beijinhos. :)

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  5. Nenhuma desgraça é redentora.
    Por vezes serve apenas para acordar a alma
    e perceber que não há quem não se engane
    na avaliação dos bravos
    dos sábios e dos bons

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    1. Talvez o seja pela lição de vida, Rogério.

      Beijinhos :)

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    2. O último desgraçado que vi morrer com um sorriso nos lábios,
      era um alienado mental

      ou será que seria um poeta?

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  6. Falsos amigos.
    Dispensam-se porque não interessam a ninguém.
    Por mais bonita que seja a capa.

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  7. um homem de extremos...
    nunca feliz nem satisfeito, sempre enfadado.
    morrerá triste e só, mesmo que acompanhado.
    Beijos Maria

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  8. Há coisas que não interessam, mesmo...

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    1. A metáfora está lá, subjacente aos charutos, ao cube, aos homens..

      Beijos, Laura :)

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  9. Ora bolas, Maria, onde foi parar o meu comentário, do charuto e da cigarrilha?
    Se os sapatos forem apertados como há de o cavalheiro ter prazer no charuto?
    Há castingues que nunca deveriam ser feitos.
    Prontos! Não é a mesma coisa mas serve. Será que não se volatiza? Um bj.

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  10. Não sei dele! Não o vi! Deve ter fugido com o fumo do charuto...
    Há homens que não são talhados para charutos.

    Beijinhos, Agostinho :)

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