Naquela noite e em muitas outras que se lhe seguiram, dormiu numa casa de madeira que os pescadores costumavam usar para guardar redes. Sim, ela também tinha a sua e ali a guardava, junto às outras, as que prendiam nas suas malhas peixes prateados e, por vezes, polvos, chocos, lulas, até um tubarão, segundo o Toino da Ana Mar. "Sim, menina, um tubarão martelo, com a sua nadadeira dorsal alta a destacar-se na malha larga, os olhos ferozes e o corpo em luta. Deixá-mo-lo ir. É poderoso para lá da conta, o bicho! Nem nos atrevemos a cravar-lhe o arpão! Mas o pior, menina, o pior são as moreias. Agarram-se a um braço ou a uma perna de um homem que nunca mais somos senhores deles! Traiçoeiras, as cobras gigantes do mar!"
Os dias eram passados em longas caminhadas na areia, procurando a zona molhada, vendo as suas pegadas misturar-se com as das gaivotas, enfeitadas por algas, conchas, seixos. Depois, havia a cegonha. Chamara-lhe Flidais, como a deusa celta, já que esta tinha o poder de se metamorfosear em qualquer animal e aquela ave imponente e tranquila parecia olhá-la de maneira peculiar e protectora.
O Sul não era o que ela esperava. O azul tardava em aparecer e o vento não lhe dava tréguas. Usara a adaga para tudo um pouco: transformar as botas numas sandálias, amanhar peixe para grelhar numa fogueira sobre as dunas, descascar mangas e, até, ameaçar um ou outro mais atrevido que vinha rondar-lhe a porta de madeira sem fechadura.
Foi na manhã em que Flidais levantou voo e voltou a cabeça para a olhar, como a dizer-lhe que a seguisse, que alisou o vestido vermelho no corpo, pintou os lábios, pegou na adaga e na rede e partiu. Não estava certa de qual o seu destino, só o soube quando a cegonha, sábia como só ela, poisou no topo de uma chaminé, bem ali, no Centro, junto de duas oliveiras perfeitamente simétricas, uma ao lado da outra. a bastante distância para pendurar a rede.
I love the Bird Girl, and this fantastic music video.
ResponderEliminarThanks for sharing, Music Girl.
xo
Her voice is extraordinary!
EliminarKisses, Rick :)
Imaginação prodigiosa à solta.
ResponderEliminarBfds
Obrigada, Pedro. Muito.
EliminarBeijinhos :)
~~~
ResponderEliminarEntão, uma cegonha fada-madrinha...
Seria bom que o dono das oliveiras fosse um príncipe.
Está interessante, ME. Espero o desfecho.
~~~ Beijinhos. ~~~
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Huuummmm... Não sei se haverá príncipes na história...
EliminarBeijos, Majo :)
para onde terá ela ido?
ResponderEliminarPara já, parece ter ficado.
EliminarBeijos, Laura :)
Fica-te bem, o voo, Maria.
ResponderEliminarVestido o vermelho
a narrativa encontra
o desejo do Sul.
No branco da cegonha
volta a paz nas gémeas.
Abri os olhos e vede
entre as oliveiras a rede
onde embalo os sonhos
Chegou a hora de pendurar a rede e descansar.
EliminarBeijinhos, Agostinho :)
Seguir em frente sempre :)
ResponderEliminarViver.
EliminarBeijos, JT :)
É muito fácil deixar-se levar pela corrente sem saber... para onde se está indo;)
ResponderEliminarBom fim de semana, Maria :))
Busca. Há um caminho a percorrer.
EliminarBeijinhos, Legionário :)
polvos... pois... outra com rede! :)
ResponderEliminaramei, pra lá de tanto e muito
Uma rede de malha larga, Manel! :)
EliminarObrigada. Muito.
Beijocas :)
Uma rede pode ser um jardim suspenso :)
ResponderEliminarUm beijinho, Maria
Que bela imagem, Miss Smile!
EliminarBeijos :)
dormiu à sombra das oliveiras? :)
ResponderEliminarAinda não tive notícias... :)
EliminarBeijocas, Snowy :)
Começo a sentir a ansiedade do folhetim que dizem ter existido quando as novelas vinham no jornal diário e no seu dia de saída do novo episódio se ía ao encontro do ardina aflitinhos de tanta espera.
ResponderEliminarOh, Luís, sobrestimas-me!
EliminarBeijinhos :)
Uma forma de narrar fantástica. Que nos faz ir com a gaivota e adormecer na rede entre as oliveiras...
ResponderEliminarBeijo.
Muito obrigada, Graça!
EliminarBeijos :)
Na certa a chamou, na certa a levou para algum lugar, na certa ela gostou de ir. Beijinho Maria
ResponderEliminarNa certa a protegerá
EliminarBeijos, GM :)
Eu leio "cegonha" e tenho logo a imagem mental do saquinho de pano, pendurado do bico :)
ResponderEliminarBeijocas, Marioka.
És uma miúda, pá!
EliminarBeijos, Lindona :)