Vinha-lhe a urgência da fuga. Havia a rotina, enfadonha, das horas cheias de minudências, de ruído, de pessoas com rosto mas sem nome. Ansiava por Agosto, pelas manhãs mais longas de sono, pelo sol a morder-lhe a pele branca, pelos pés na erva, os pêssegos vermelhos e lisos colhidos directamente do pessegueiro, as uvas pintadas de negro na espera de Setembro.
Estranhamente, nesses dias lânguidos em que apenas os trinados dos pássaros e um ou outro cão ladrando perturbavam a leitura adiada de obras escolhidas com o cuidado de onze meses, nesses dias, sentia uma inesperada inquietude, uma falta da voragem em que julgara afundar-se sem salvação.
Gosto taaanto dos The Cure!
ResponderEliminarsomos seres que vivem numa insatisfação permanente, só estamos bem onde não estamos, já dizia o outro...
Insatisfeitos por natureza, os humanos.
EliminarBeijos, Téstiq :)
adorei! ótimo texto
ResponderEliminarMuito obrigada, Soren!
EliminarBeijinhos :)
A saudade da rotina é um sentimento muito estranho.
ResponderEliminarMas que existe.
The Cure são companheiros desde os anos oitenta
Estranho e intrusivo!
EliminarBeijinhos, Pedro :)
"A strange day" ou António Variações "Estou além".
ResponderEliminarA mim soube-me bem o Agosto e não esperei por ele para as leituras :) e que bem que elas eram interrompidas por cigarras e andorinhas que passavam ou bandos de pombas.
Beijos Maria
AS leituras acompanham o ano, mas há aquelas que se guardam, qual iguaria, para mais o tempo de maior descanso.
EliminarBeijinhos, Ursinho :)
Fui desafiado para o The Cure (sou fá incondicional) no Meo Arena em Novembro. A Maria acabou de atirar mais uma acha para a fogueira. Obrigado. :)
ResponderEliminarGo for it, Man with a chair! :D
EliminarBeijinhos :)
This is nice.
ResponderEliminar(Love The Cure.)
Perfecto.
Thanks, Rick!
EliminarKisses :)
Outra tentação para ir ver os The Cure?
ResponderEliminarAi, Maria
:)
Gosto como ilustraste a palavras e a imagem!
Beijo
Podes ir com o Impontual!
EliminarObrigada, Isabel!
Beijo :)
Sempre com bom gosto. Sabe bem ler-te ao som dos The Cure.
ResponderEliminarObrigada, miúda!
EliminarBeijocas :)
Provavelmente estava a querer fugir de si própria, numa inquietação de quem só está bem onde não está...
ResponderEliminar:)
Ou a vida é tão sôfrega que nem dá para apreciar as paragens...
EliminarBeijos, Luísa :)
O ambiente que descreves, a inquietação da espera, a ansiedade por um tempo de pausa que terminará brevemente ouvi igualmente descreverem-no pessoas que viveram a guerra. A guerra directa com bombas a rebentar próximo e a guerra a distância com privação de alimentos e com a raridade de coisas banais que a escassez transforma em luxos.
ResponderEliminarSabes, Luís, que tenho um amigo que sofre desse tipo de stress? Tantos anos depois da guerra colonial e ainda se encolhe com um simples ribombar de trovão.
EliminarBeijinhos :)
O alvoroço dos preparativos, a sofreguidão na viagem e a insatisfação no destino.
ResponderEliminarTudo é o desejo e duas mãos pequenas apenas.
No entanto, é sempre um gosto. Em Agosto ou em Janeiro.
Bj.
Sofreguidão a mais, Agostinho?
EliminarBeijinhos :)
é dos "estranhamentes" mais lindo que já li...
ResponderEliminarbeijos Tutu
És um polvo deveras simpático, Stormy!
EliminarBeijocas :)
Estranhamente, mas... a_gosto
ResponderEliminarÉ Verão!
EliminarBeijinhos, Rogério :)
Eterna inquietude, seja qual for a latitude. Coisas de humanos... :)
ResponderEliminarUm beijinho, Maria :)
Estranhos que nós somos!
EliminarBeijinhos, AC :)
Ter uma inquietação constante... sentirmo-nos como se tivesse-mos que fazer mais, como se pudesse-mos ser mais capaz.
ResponderEliminarHá dias assim Maria…melhor ainda ouvindo com nostalgia The Cure :))
Para compensar o marasmo de outros dias.
EliminarBeijinhos, Legionário :)
"Só estou bem onde não estou". :))
ResponderEliminarBeijinhos, Maria.
Parece que sim, Ava.
EliminarBeijos :)
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Beijo, Maribel :)
EliminarGostei muito do texto, ME.
ResponderEliminarAs saudades de um Agosto bucólico, tão bem descritas!
Quanto ao desassossego pela falta da voragem, não sei
avaliar, pois foi mal de que nunca padeci.
E estamos prestes a despedirmo-nos de mais um Agosto...
Beijinhos, ME.
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Talvez seja essa inquietude que nos faz resistir até ao Agosto seguinte.
EliminarBeijos, Majo :)
Um estranhamente que nos perturba... Beijinho
ResponderEliminarSe perturba, GM!
EliminarBeijos :)
Maravilhoso texto! Entendo bem a inquietude de quem espera uma fuga, um anseio, ou apenas a celebração de cada instante...
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Muito obrigada, Graça! Mulheres inquietas, é o que somos. Crescemos assim, mais impulsivamente.
EliminarBeijos :)
Inquietudes, indecisões, incompreensões... Que há de estranho nisso? Um ser humano no seu melhor eehehehehee
ResponderEliminarBeijinho Maria Tu, e acalma-te, já já volta o reboliço e a falta de tempo para pensar :)
Já voltou. Serão de Agosto, as saudades, a partir de agora.
EliminarBeijos, noname :)
Está a cura feita.
ResponderEliminarAdeus até pró ano.
Bj.
Assim seja.
EliminarBeijinhos, Agostinho :)
A rotina nos une e a rotina nos separa, sempre achei isso muito curioso.
ResponderEliminarbjs
Queixamo-nos dela, mas sem ela não vivemos tranquilos por muito tempo, a não ser que a substituamos por outra.
EliminarBeijos, papoila :)
Eu também estou sempre incompleta!
ResponderEliminarHumana, portanto!
EliminarBeijos, Til :)
Olá, Maria!
ResponderEliminarA quebra da rotina também inquieta... tão complicados que somos ;)
bjn amg
Talvez seja o que nos mantém realmente vivos, essa inquietude.
EliminarBeijos, Carmem :)