Sentou-se na esplanada onde sempre regressava a cada Verão. O sol punha um brilho particular no rio que se espraiava logo ali, com mansidão, abrigando famílias inteiras de patos bravos e um ou outro esquife em remadas rápidas. A incursão rápida e inesperada de um menino, em correria desenfreada na perseguição de um Fox Terrier, fez perigar a paz dos veraneantes, tendo alguns saltado das cadeiras para formarem uma barreira entre o pequeno e o empedrado que ladeia a água. A tranquilidade foi restaurada, se bem que não tardou um ruído irritante de buzinas. Inquietaram-se de novo os que repousavam frente às chávenas de café e às bebidas frescas. Um cortejo automóvel seguia, devagar, um Mercedes Benz antigo (o modelo não sei dizer, já que não sou dada a esses detalhes), descapotável, de onde esvoaçavam fitas e véus. Pararam mesmo ali, que o chafariz é ponto de honra nas fotos de casamento, e a noiva, (des)ajudada por três raparigas vestidas de azul forte, em equilíbrio periclitante nuns sapatos de salto agulha, eclodiu do casulo de tule, qual borboleta, desembaraçando-se do véu. O noivo... Bem, o noivo não teve ajuda e, ao tentar sair com elegância, tropeçou aparatosamente no longo véu pousado no banco.
"Começas já a cair?", diz a noiva em voz estridente.
"A culpa foi tua!", grita o noivo, ainda a levantar-se e a sacudir o fato cinzento.
Abriu a carteira, pegou numa moeda de um euro e poisou-a na mesa para pagar o café.
Era Agosto! Afinal, tocava ao longe uma concertina e estava de férias. Sorriu.
"A culpa foi tua!", grita o noivo, ainda a levantar-se e a sacudir o fato cinzento.
Abriu a carteira, pegou numa moeda de um euro e poisou-a na mesa para pagar o café.
Era Agosto! Afinal, tocava ao longe uma concertina e estava de férias. Sorriu.
No dia do meu casamento, enquanto a malta se entretinha a tirar fotografias, eu fui com um casal amigo para uma esplanada perto do restaurante onde ia ter lugar o jantar, comer uma tosta mista e beber um sumo :))
ResponderEliminarBfds
Basta um contratempo e vêm ao de cima todas as 'culpas' e ainda a procissão vai no adro. O que vale é que é agosto. Agosto, dá o sol no rosto. :))
ResponderEliminarSentar-me numa esplanada, a tomar um café, a ler ou simplesmente à conversa com os amigos é algo agradável e apetecível de fazer nestes dias quentes que, nos dias frios, inevitavelmente me afastam, e depois…depois também podemos observar certo tipo de situações hilariantes como esses noivos.
ResponderEliminarBom fim de semana, Maria :))
You introduce me to such good music, new compositions, new worlds I've never heard.
ResponderEliminarI love this. Thank you for such good taste.
(And I love the art of Daqui.)
Have a wonderful Friday.
Kisses . . .
Ah! Que lindo mês de Agosto. O mês dos casamentos emigrantes, ou não :))
ResponderEliminarBeijinho
ao som de uma concertina tudo fica mais romântico, até um magistral trambolhão ...
ResponderEliminarMuito bom o texto, o quadro e a música do nosso Vitorino !!!
ResponderEliminarE começam já discutindo... Ai, ai!! (Muito bem escrito, como sempre!)
ResponderEliminarBeijinho.
O conto está muito interessante e bem construído, ME.
ResponderEliminarSão assim os casamentos descartáveis...
Beijinho.
~~~
eu gostava de encontrar uma concertina este agosto
ResponderEliminarum abraço, Maria
gosto tanto dos sorrisos de agosto...
ResponderEliminarbeijo Maria
Que agradável quadro este, pintado com mestria a partir de um estado agostino. Da tranquilidade da esplanada mesclada por pinceladas fortes de humana ambiência, um(a) narrador(a) perspicaz traça pistas, sugere destinos: o encanto e o burlesco da vida.
ResponderEliminarMuito bem, Maria.
Bj.
Este texto está belíssimo, Maria. Esperemos que a esse menino, ao menos, ponha Deus sempre "a mão por baixo".
ResponderEliminarBeijos, Maria, e bom Domingo.
Uma narrativa excelente. Também gosto de estar na esplanada e sempre acontecem coisas alheias à minha vontade. Mas esses noivos começam bem...
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.