Efigénia da Conceição
crescera devagar nas sombras da casa grande. Das raras vezes em que se agarrara à
saia da mãe, logo levara um arrepelão.
- Sai-te p`ra lá,
Efigénia da Conceição!
Julgar-se-ia que a
pequena seria chamada por Gena, Geninha, Efi, São, Sãozinha, mas não, o nome
completo, assim duro e escorreito, não fosse a miúda habituar-se a mimos
desnecessários.
Foi-se fechando,
fechando, até que deixou de “aparecer” que não fosse para se sentar na ponta da
mesa da cozinha, à espera do prato de sopa e de mais qualquer sobra que
houvesse para levar à socapa para o Malhado e a para a Micas, canitos seus
companheiros de escapadelas campestres.
Num instante, Efigénia
da Conceição era adolescente, rapariga feita, mulher. Porém, nenhuma das
mulheres da casa parecia aperceber-se da sua existência. Sombra nas sombras,
olhar triste e carregado.
Nem ela nem as outras
repararam que, do outro lado do muro, a coberto das frondosas trepadeiras, uns
olhos vivos lhe acompanhavam o crescimento e a tristeza. Um dia, o sol de uma
Primavera quente e soalheira levou-a à sombra do caramanchão e, de repente, o
dono dos olhos vivos chamou: Geninha! Geninha!
Assim começou a fazer-se ternura
na vida de Efigénia da Conceição.
Votos de Santa Páscoa
ResponderEliminarMaria uma Páscoa Muito Feliz junto dos Teus !!!!
ResponderEliminarCada vez gosto mais de ler histórias com final feliz. :-)
ResponderEliminarBeijinho, Maria Tu, e um dia de Páscoa em bom!
🌿 🐇
Terna e doce Páscoa, Maria Eu!
ResponderEliminarGostei muito da narrativa, com conteúdo emocional e que deixou a vontade de ler mais.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Bem dito escrito, Maria.
ResponderEliminarBenditos os olhos que lhe deram
o destino de ser feliz
A felicidade de ser distinta também se merece...
Um dia, nem preciso é escolher hora e local:
uma chispa ateia a fogueira
que a lenha generosa sonha.
Beijo amigo, ME
Teve sorte - a Efigénia, de não fugir do desconhecido e refugiar-se na familiaridade da ausência de ternura.
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