sábado, junho 30, 2018

Infância

(Andrea Constantini)

Joana tinha sido despertada do torpor que a assaltara depois do almoço pela voz chilreante do menino que brincava sozinho no jardim. Sentara-se num banco confortavelmente refrescado por um rododendro de flores rubras e vivas, que deixavam cair uma pétala de quando em vez ao beijo suave do vento.
Devia ter uns cinco anos, o menino do carrinho amarelo. Chegavam-lhe algumas frases soltas: Vai! Voa! Olha o passarinho ali! Logo, vamos dormir com o ursinho, sim? Vruuuuuum! Vruuuuum!
Sorriu e recordou as brincadeiras no jardim da casa grande: pés descalços, cabelos em desalinho, em perseguição de um pardalito mais jovem; joelhos na terra, olhos brilhantes à espreita de um grilo cantor que se escondia no fundo do pequeno buraco; gargalhadas sonoras em reboladelas com o Juno, cão rafeiro e atrevido, a fazer-lhe cócegas nas pernas com a cauda irrequieta...
Levantou-se, aproximou-se do pequeno automobilista improvisado, sentou-se no chão, e disse-lhe: Queres fazer uma pista de terra para o teu carrinho?


11 comentários:

  1. A child's mind is a wonderland.
    Too bad they have to grow up!
    xoxo

    ResponderEliminar
  2. I_rrequieta
    N_atural
    F_eliz
    A_udácia
    N_ovata
    C_rescer
    I_ntegrar
    A_mbiciosa

    ResponderEliminar
  3. Ao ler estas palavras, recuei à minha infância.
    Belo, Maria:)

    ResponderEliminar
  4. O maravilhoso mundo das crianças. Boa noite Maria

    ResponderEliminar
  5. Tão belo este regresso à infância, à idade da inocência…
    Uma boa semana.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  6. eu também quero um carrinho amarelo e um brincar assim

    um abraço, Maria

    ResponderEliminar
  7. Eu tive um carrinho vermelho
    Se o cão se chamava Juno?
    Foi há tanto tempo
    Que já não me lembro

    O que me lembro é do nome dela
    Elisabete, e chamavam-lhe Beta

    ResponderEliminar
  8. Olha que tu puseste-me a cismar:
    Queria eu ser pequenino
    voltar à bota à chinela ao calção
    joelhos no chão sem tempo de sarar

    A bola todo o santo dia rebolava
    na rua e o carro de lata deslizava vertiginosamente na pista traçada
    A giz

    Bj.

    ResponderEliminar
  9. pistas de terra... que saudades :)
    beijos Tutu, que lindos os teus posts

    ResponderEliminar
  10. Saudades da inocência da infância :)
    Beijos Maria

    ResponderEliminar