Veio a saudade e mordeu-a. Mastim bicéfalo de presas aguçadas, abriu-lhe o peito, o ventre. Tentou conter o sangue e as vísceras com as mãos, apertando os rasgos profundos, enquanto pontapeava violentamente o monstro. Rangia os dentes na dor furiosa da luta, arquejando e cuspindo palavras incoerentes. Veio-lhe à memória o ritual voodoo de um filme antigo, marioneta empurrada a vontade alheia, cúmplice de um modelo seu distante. Ficou no chão, na refrega da luta, ferida, despida de defesas, na inércia dolorosa que antecede a rendição.
Essa tua saudade é tão violenta, que ficou bela no final.
ResponderEliminar:)
Sentimentos fortes são característica que me descreve.
EliminarBeijinhos, CC, e obrigada. :)
É que a saudade, quando ataca com força, é isso mesmo, Maria!
ResponderEliminarMuito bom!
Feroz, a saudade!
EliminarObrigada!
Beijos :)
What a beautiful way to end my day . . .
ResponderEliminarMahler's Adagietto, with the maestro himself.
And wondering what kind of energy it took
for her to hang from that rope, and create that art.
You energize me. Thanks for this post.
A kiss.
It's a very strong image, indeed. And Mahler strikes us with passion.
EliminarThank you again, Rick!
Kisses :)
A rendição porém não vai acontecer, a saudade atacará vezes sem conta, ela ficará prostrada, ferida em todos os ataques mas depois levanta-se, lambe as feridas e segue.
ResponderEliminarBeijinho :)
Assim é, GM. Nada derruba o ser humano a não ser a morte.
EliminarBeijos :)
Como dói...
ResponderEliminarRasga.
EliminarBeijos, Luísa :)
A saudade não morde
ResponderEliminarengole
Mas se alguém não se rende
o mastim expele
É tramada, a magana!
EliminarBeijinhos, Rogério :)
Quando a saudade ataca é muito difícil resistir.
ResponderEliminarBjs
Vai-se matando devagarinho.
EliminarBeijinhos, Pedro :)
impressionante. ene coisas para dizer,
ResponderEliminarsó posso dizer o que disse. impressionante.
acrescento ser Adagietto do Mahler, o que mais
ouço cá em casa praticamente sempre a tocar.
baci, Maria
Viste-a, à saudade?
Eliminar(obrigada)
Beijos, Tristan :)
falta de ferro... vísceras recomendam-se, carninha vermelha! as melhoras :) beijos Tutu
ResponderEliminarVísceras. Carne. Sangue. Ainda, ternura. :)
EliminarBeijocas, Stormy boy
Quando a noite cheira a saudade só há vencidos.
ResponderEliminarDeixo-te um beijo, Maria. :)
Levantem-se os vencidos, então!
EliminarBeijos, Alaska :)
A saudade tem de facto um poder destrutivo enorme. Vai destruindo de dentro para fora os incautos que se deixam contaminar.
ResponderEliminarO Mahler foi muito bem chamado nesta circunstância mas é preciso ter cuidado com os potenciais efeitos sistémicos.
Bj.
Sobreviventes, é o que somos, Agostinho. Saudade? Afoga-se devagarinho, com Mahler ou Beethoven, ou...
EliminarBeijinhos, Agostinho :)
Há saudades que corroem por dentro, mas nem todas são más. Há também saudades boas, tão boas como o Adagietto, quando encerram a promessa de um reencontro.
ResponderEliminarUm beijinho, Maria :)
Sem dúvida, Miss Smile! ( tão bom, matar saudades tuas)
EliminarBeijos :)
Li este maravilhoso texto ao som de Mahler. Realmente a saudade é realmente corrosiva. Mas pode ser vencida...
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
O que vale ao ser humano é a sua enorme capacidade de sobrevivência, Graça!
EliminarBeijos e muito obrigada! :)
a saudade às vezes é lixada.
ResponderEliminarLixada com f, Laura. :)
EliminarBeijos
Olha... Onde andas?
ResponderEliminarBeijos preocupados
❤️ ❤️
Pelos sítios do costume. Um cansaço que me entedia. Nada particularmente sério. Talvez seja do Outono a esfriar.
EliminarBeijos, amiga. :)
Nua e crua.
ResponderEliminarBeijos,KK :)