Era um tempo de flores. Não daquelas que
enchiam de cor os canteiros do jardim da casa da sua mãe, nem tampouco das que
rompiam nos lugares mais imprevistos, como os muros dos caminhos da aldeia onde
crescera. Essas eram sempre perfumadas, algumas, até, intoxicantes, de tão
intenso o perfume.
Das que falo, as deste tempo, veem em
ramos. Lindas, perfeitas, nem um pé mais torcido, ou uma pétala com o traço
característico de um caminho feito pela pequena lagarta verde.
Cumprem o seu propósito, seja de amor ou
dor, sempre iguais, sem que a ocasião lhes desmanche a perfeição quase como se
fossem artificiais.
(Cabaret de Luxe - Le Temps des Fleurs)
O perfume da escrita chegou aqui.
ResponderEliminarNos dias que correm, cada vez mais imperfeitos, o que impera é a exigência de perfeição. Tudo artificial.
ResponderEliminarFelizmente há "Marias Eus" por aí.
Um abraço,
Sandra Martins
Vivo rodeado de flores assim
ResponderEliminaré imenso o meu jardim
o que temo é que seus cuidadores
deixem murchar todas essas flores
já nem para elas olham
Gosto mais das imperfeitas:)
ResponderEliminarA lagartinha verde é promessa
ResponderEliminarde outras flores a bater pétalas:
livres de amarração
Atadas, artificiais, volumosas, inodoras,
são
outra coisa, fogo-de-vista,
fabricadas para gente apressada
Mais uma deliciosa, Maria Eu, deixaste tu, aqui, neste lugar de encantamento.
Beijo e saúde.
Chega a ser intoxicante, sim, o perfume das rodas. Um texto lindíssimo.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.