segunda-feira, julho 22, 2024

Tempo de flores

 


Era um tempo de flores. Não daquelas que enchiam de cor os canteiros do jardim da casa da sua mãe, nem tampouco das que rompiam nos lugares mais imprevistos, como os muros dos caminhos da aldeia onde crescera. Essas eram sempre perfumadas, algumas, até, intoxicantes, de tão intenso o perfume.

Das que falo, as deste tempo, veem em ramos. Lindas, perfeitas, nem um pé mais torcido, ou uma pétala com o traço característico de um caminho feito pela pequena lagarta verde.

Cumprem o seu propósito, seja de amor ou dor, sempre iguais, sem que a ocasião lhes desmanche a perfeição quase como se fossem artificiais.

 

(Cabaret de Luxe - Le Temps des Fleurs)

6 comentários:

  1. Nos dias que correm, cada vez mais imperfeitos, o que impera é a exigência de perfeição. Tudo artificial.
    Felizmente há "Marias Eus" por aí.
    Um abraço,
    Sandra Martins

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  2. Vivo rodeado de flores assim
    é imenso o meu jardim
    o que temo é que seus cuidadores
    deixem murchar todas essas flores

    já nem para elas olham

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  3. A lagartinha verde é promessa
    de outras flores a bater pétalas:
    livres de amarração
    Atadas, artificiais, volumosas, inodoras,
    são
    outra coisa, fogo-de-vista,
    fabricadas para gente apressada

    Mais uma deliciosa, Maria Eu, deixaste tu, aqui, neste lugar de encantamento.
    Beijo e saúde.

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  4. Chega a ser intoxicante, sim, o perfume das rodas. Um texto lindíssimo.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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