Eram as folhas. As folhas tinham caído sem pré-aviso e faziam um ruído debaixo dos pés dos transeuntes que soava ao que mil coelhos produziriam a comerem, cada um, uma cenoura.
Irritavam-na ruídos que se sobrepunham aos habituais: vozes, risos e choros de crianças, um ou outro automóvel, a chuva a bater nas vidraças…
Talvez
fosse da cada vez mais insidiosa solidão, fruto de um tempo a que chamavam de
“novo normal”, essa irritação. “Novo normal”! Como se se pudesse apelidar de
normal, fosse ele novo ou velho, à morte da vida social, à separação das
famílias, à reclusão forçada.
Estranhava-se. Estranhá-la-iam?
(Alex & Will Delta Blues - Hard Times)
O novo normal
ResponderEliminaré velho
veja-se a solidão da jarra
no quadro (futurista) de Hopper
(certamente criado antes da pandemia)
Hopper retrata a solidão como ninguém.
EliminarUm abraço, Rogério. :)
O novo normal é a desculpa para oss que nos fizeram sofrer, prendendo-nos em casa!!
ResponderEliminarBjs e ótimo fim de semana!!!
Oxalá o sofrimento compense, PDR!
EliminarBeijinho e bom Domingo. :)
Isso do novo normal...
ResponderEliminarNão consigo porenquanto :)
Novo irritante, diria, GM!
EliminarBeijo :)
Novo normal?
ResponderEliminarA luta continua
Sempre!
EliminarBeijinho, MA :)
Há dias em que todos nos estranhamos...
ResponderEliminarMuito, por vezes...
EliminarBeijo, Boop :)
Quadro excepcional, palavras a mirar através da janela e uns "blues" magníficos !
ResponderEliminarObrigada pelas tuas sempre atentas palavras, Ricardo!
EliminarBeijinho :)
Hopper...
ResponderEliminara solidão pele e osso
numa ripa sentada
nem desespera, espera
a dormência da morte
E as folhas tombando
uma a uma no chão
a despir o tronco,
o que são?
Os pés frios turfados,
e a primavera não tarda
a pedir substrato
o que são?
O medo e o frio e o agora
a chuva a delir a casca
coberta de líquens, musgo!
Normal paranormal novo normal
o que são?
Que préstimo hão-de ter
e ver no musgo
se nem presépios há
Beijo, Maria Eu.
Tão bom ler-te! Tens a palavra guardada para o momento certo!
EliminarBeijinho, Agostinho, e obrigada! :)