Havia uma menina na varanda, toda ela graça e alegria. Era
uma varanda antiga, numa casa grande, pintada de branco, escancarada
de grandes janelas envidraçadas. Quando o sol vinha e a cobria de beijos, não
havia vidro que não brilhasse, à semelhança dos olhos da menina.
Nem no rigor do Inverno deixavam de se ouvir as gargalhadas
límpidas, percebendo-se, na amurada, o gorro vermelho de lã encimado por um
pompom multicolor.
As árvores, embora a ritmo mais moderado, iam crescendo com
ela (Clarinha, ouvira chamar-lhe) e pareciam inclinar-se para servir-lhe de protecção.
Permitiam-lhe, ainda, ensaiar cantos, em coro com o chilreio do pássaro que,
todos os anos, construía o ninho nesses ramos.
Frondosas, as árvores, fechadas, as vidraças, calado o
pássaro, ausente, Clarinha.
Foram tempos estranhos aos passantes, habituados
que estavam a abrandarem o passo, à escuta.
Até que correu notícia do regresso. O pássaro desatou
num canto tão melodioso e ininterrupto, que era impossível não parar a ouvi-lo.
Ao fundo, uma voz alegre de rapariga, toda ela graça e alegria.
(Lola Marsh - She's a Rainbow)
... à espera de um SIM!, para o almoço colectivo :)*
ResponderEliminarTodos os cantos de pássaros
ResponderEliminaranunciam regressos
ou a Primavera
ou quem mais chega
De certeza ouviu o canto do meu passarinho Artur
ResponderEliminarMas os canoros intempestivos são, caramba, a origem dos sonos que não há forma de serem saciados, quando decidem dar ares das suas artes, ainda o alvorecer é jovem, ainda a mente vagueia por terras de onde não apetece regressar a horas tão improváveis, tão impróprias...
ResponderEliminarNão matem os pássaros
ResponderEliminarRevisitar, reformular o olhar, moldar a alma...
ResponderEliminarAbraço
Muito bonito Maria !!!
ResponderEliminarEnquanto houver pássaro, árvore e menina a esperança há-de manter a seiva a escorrer, o brilho dos olhos voltará a fascinar os circunstantes.
ResponderEliminarBj.