Aníbal Augusto Milhais (Murça,
Valongo, 9 de Julho de 1895 — 3 de Junho de 1970), mais conhecido
por Soldado Milhões, foi soldado na I Guerra Mundial e a sua
coragem na Batalha de La Lys fez dele o único soldado deste país a
alguma vez receber a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor,
Lealdade e Mérito, no campo de batalha.
O soldado Milhões, como ficou
conhecido, abandonou a trincheira onde era o único sobrevivente,
enfrentou colunas alemãs com a sua metralhadora Lewis, Luísa, para
os portugueses, que ia reabastecendo de munições encontradas
enquanto andarilho do campo de batalha. Durante essa jornada, salva
um médico escocês de morrer num pântano e é ele que relata aos
aliados a coragem de Milhais.
Foi o comandante Ferreira do Amaral,
aquando do seu retorno para junto dos camaradas portugueses, que o
saudou, dizendo: "Tu és Milhais, mas vales Milhões!"
Valongo viu o seu nome
alterado no Parlamento para Valongo de Milhais, em honra dos feitos do filho da terra.
Milhões, contudo, não teve vida
condicente com o nome. As honrarias não lhe encheram a barriga, nem a
dos seus descendentes. Num programa recente em que a sua história
foi recordada, um deles afirmava, numa voz baça: “Cando caurcei os
primeiros sapatos, tinha 15 anos.”
Nunca tinha ouvido falar de Milhões,
mas estas palavras, ditas assim, trouxeram-me ecos da miséria e das
glórias vãs de tempos idos. Tempos que começam a parecer extraordinariamente presentes.
"Somos a memória que temos"
ResponderEliminare as que partilhamos
Sem dúvida, Rogério. Haja memória, sempre!
EliminarBeijinhos :)
Os heróis do povo não cabem na história, sempre anónimos, "dispensam" honrarias.
ResponderEliminarBoa semanada.
Principalmente se as honrarias continuam a ignorar-lhes a miséria...
EliminarBeijinhos, Agostinho :)
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ResponderEliminarEsta homenagem antecipada à batalha de La Lys é muito louvável
e está interessante, pelo modo como foi abordada.
Uma semana de agradáveis dias primaveris.
~~~ Beijinhos, ME. ~~~
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Obrigada, Majo.
EliminarBeijinhos e continuação de bom descanso :)
já tinha ouvido falar, mas fiquei mais elucidada :)
ResponderEliminarbeijinho Maria
Fiquei interessada na história quando ouvi as palavras do seu descendente, num sotaque cerrado do norte e do desalento...
EliminarBeijos, Laura :)
Ah, Maria, memórias de outros tempos! Um homem (que muito prezo) na minha família recebeu, como prenda no seu décimo aniversário, o privilégio de comer um ovo estrelado, todinho para ele. Sapatos, só muitos anos depois.
ResponderEliminarBeijinho.
E ainda há os que, hoje, desdenham do que foi conquistado...
EliminarBeijos, MC :)
Interessante, Maria, gostei muito.
ResponderEliminarbjs
Obrigada, papoila.
EliminarBeijos :)
Outros tempos... A minha mãe também contava que ganhou os seus primeiros sapatos com dinheiro ganho, no campo, a espantar os pássaros para estes não comerem as ervilhas. Já teria os seus nove anos...
ResponderEliminarUma dureza que nós tivemos a felicidade de não conhecer de perto, Luísa.
EliminarBeijos :)
A escassez e a miséria adquirem novas formas e pairam no horizonte, até a guerra se aninha como uma fera faminto na curva do caminho e bem vemos na distância os que devora. Vivemos de novo "tempos sombrios" como disse o Brecht no seu poema.
ResponderEliminarAh, Luís, como queria poder discordar de ti!
EliminarBeijinhos :)
infelizmente parece-me que só o pior se repete... os actos de bravura e cabeça erguida, esses serão como lendas, numa sociedade cada vez mais voltada para o individualismo, de cabeças descaídas sobre aparelhos electrónicos, sempre a par do mundo e cada vez mais distante dele.
ResponderEliminarÉ triste, não é?
EliminarBeijinhos, Stormy :)
Contentes na trincheira, momento raro esse, bem apanhado pelo fotografo ou feito para o fotografo.
ResponderEliminarO soldado que valia milhões.
Veler, valia, mas não tinha nada de seu...
EliminarBeijinhos, Urso Misha :)
É o país que temos...
ResponderEliminar...e de certa forma sempre tivemos!
E é triste!
:)
Bota triste nisso, C.N.Gil!
EliminarBeijinhos :)