(Jack T. Franklin Collection at AAMP)
Quando as notícias dão conta de mais um abuso policial na terra dos sonhos...
America
Although she feeds me bread of bitterness,
And sinks into my throat her tiger’s tooth,
Stealing my breath of life,
I will confess
I love this cultured hell that tests my youth!
Her vigor flows like tides into my blood,
Giving me strength erect against her hate.
Her bigness sweeps my being like a flood.
Yet as a rebel fronts a king in state,
I stand within her walls with not a shred
Of terror, malice, not a word of jeer.
Darkly I gaze into the days ahead,
And see her might and granite wonders there,
Beneath the touch of Time’s unerring hand,
Like priceless treasures sinking in the sand.
*Claude McKay, 1889 - 1948
America
Ainda que ela me alimente de pão fermentado a amargura
E me crave na garganta os seus dentes de tigre
Roubando-me o sopro da vida
Confesso que amo este inferno cultural que testa a minha juventude!
O seu vigor corre nas minhas veias como marés,
Dando-me força para me erguer contra o seu ódio.
A sua grandeza devasta-me como uma intempérie.
Porém, como um rebelde enfrenta um estado soberano
Mantenho-me dentro dos seus muros sem um pingo
De terror, de maldade, ou sequer uma palavra de escárnio.
Contemplo sombriamente os dias futuros
E vejo o seu poder e as suas maravilhas de granito,
Sob o toque da mão infalível do Tempo
Como tesouros inestimáveis afundando-se na areia.
America
Ainda que ela me alimente de pão fermentado a amargura
E me crave na garganta os seus dentes de tigre
Roubando-me o sopro da vida
Confesso que amo este inferno cultural que testa a minha juventude!
O seu vigor corre nas minhas veias como marés,
Dando-me força para me erguer contra o seu ódio.
A sua grandeza devasta-me como uma intempérie.
Porém, como um rebelde enfrenta um estado soberano
Mantenho-me dentro dos seus muros sem um pingo
De terror, de maldade, ou sequer uma palavra de escárnio.
Contemplo sombriamente os dias futuros
E vejo o seu poder e as suas maravilhas de granito,
Sob o toque da mão infalível do Tempo
Como tesouros inestimáveis afundando-se na areia.
Claude McKay, tradução livre de Maria Eu
*Claude McKay, escritor jamaicano, mudou-se para Harlem em 1914. Foi um dos nomes mais importantes do movimento negro do renascimento de Harlem nos anos 20 e 30. A sua obra é uma voz contra o racismo.
Esse era o tempo em que as vozes eram claras, os discursos límpidos e as canções eram coerentes
ResponderEliminarHoje o negro é um assimilado que se perde nas contradições do sistema. E é pena
Mas... do que por lá se passa, sabemos tão pouco
Os ecos que nos chegam não são nada tranquilizadores.
EliminarBeijos, Rogério. :)
Querida Maria Eu,
ResponderEliminarQue tradução tão boa. Parabéns.
Apesar de ser resultado da "escória da humanidade", confesso o meu interesse pela cultura norte-americana.
Bom dia,
Outro Ente.
Muito obrigada!
EliminarEu também acho a cultura norte-americana muito interessante.
Beijos, caríssimo Ente. :)
Excelente partilha, Maria.
ResponderEliminarBeijinho
Obrigada, Sandra.
EliminarBeijos. :)
O sonho americano é tão grande que permite estes paradoxos intemporais, até o do presidente do sonho que não consegue inverter a impunidade do tratamento pela cor :)
ResponderEliminarNão consigo decidir se tratas melhor a língua portuguesa, se a inglesa, nestas traduções magníficas :)
Acho que não é para entendermos, Ness.
EliminarMuito, muito, obrigada!
Beijos. :)
A precisão é uma virtude. Digo, então, que a Maria é virtuosa.
ResponderEliminarTão bem escolhido, o poema. A evocação dum mundo de contradição
Sonho?
Bj
Gosto que quem me lê se sinta em sintonia comigo!
EliminarMuito obrigada!
Beijos, Agostinho. :)
Maravilho poema Maria!!! Belíssima postagem esta tua!!!
ResponderEliminarBeijos e beijos
http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/
Muito obrigada, Lilly.
EliminarBeijos. :)
O poema é o estado de alma do Velho do Restelo, de alguém que começa a duvidar e já antevê o fim do Império. O sonho de uns é sempre feito à custa dos outros que os velam.
ResponderEliminarVou procurar a escrita do Claude McKay!
Beijos!
Porque será que esse sonho é feito à custa de outros?
EliminarLê, sim. Vais gostar.
Beijos, Luís. :)