A Vitória de Samotrácia, a maravilhosa escultura grega, de vestes drapeadas que encima a Escadaria Darú, no Louvre, empreendeu uma viagem pouco usual, embalada num caixote de madeira, a escassos dias da perda de Paris para os alemães, durante a II Guerra.
Também Mona Lisa é enviada numa dessas viagens, sorriso encoberto pelas ripas de madeira, à espera de regressar ao seu lugar de destaque, a uma distância prudente dos milhares de olhares que, tantas vezes, se desapontam com a sua (aparente) pequenez.
23 de Junho de 1940, os alemães entram, vitoriosos, em Paris, mas o Louvre está vazio de qualquer obra de maior importância, bem como muitos outros museus dos quais Jacques Jaujard (mais tarde membro da Resistência francesa) é director geral. Requisitando castelos por toda a França, para onde enviou centenas de obras de arte, num plano gizado muito antes do início da II Guerra, deixando, no seu lugar, algumas cópias de gesso, no caso das esculturas e/ou arte de pouco relevo. Com elas, iam os seus guardiões, funcionários dos museus, acompanhados das famílias. Jeu de Paume não tem igual sorte e a colecção de arte moderna, assim como algumas colecções pertencentes a judeus, são tomadas por Goering, iniciando uma rapina, por parte dos alemães, a públicos e privados da qual, ainda hoje, vêm à luz uma ou outra obra descobertas por acaso.
Jaujard, que teve o rasgo de salvar um espólio património da Humanidade, num jogo de cintura que foi capaz de enganar alemães e, ainda, o famoso governo de Vichy, teve o amargo de boca de ser acusado de colaborador aquando do final da ocupação. Valeu-lhe a defesa de quem, nos lugares cimeiros, conhecia a sua vida dupla, sempre com o fito de proteger a arte da voracidade do inimigo.
O Louvre não seria o Louvre sem Jaujard.
* Este post foi escrito após o visionamento de um excelente documentário na RTP2, na noite do dia 20 de Junho.
ResponderEliminarE quantos não morreram em sua defesa e por amor a ela.
Beijos
(^^)
A História está cheia dessas histórias. :)
EliminarBeijos, querida. :)
Acho que acabo de entender o sentido do sorriso da Gioconda
ResponderEliminar:)))))
EliminarBeijos, Rogério. :)
E nós não seríamos os mesmos sem estas Obras de Arte...
ResponderEliminarUm bom domingo, Maria :)
Não, de facto! Vejamos os livros e as histórias que se geraram à volta da Gioconda, por exemplo.
EliminarBeijos, Miss Smile. :)
a arte é o que resta de humanidade na nossa espécie...
ResponderEliminarToda ela, não é, Manel? Olha-se (ouve-se) a arte e estamos todos lá.
EliminarBeijos. :)
Eu estou.
EliminarA arte é a parte visível do que a humanidade tem de mais belo.
ResponderEliminarBeijihos
Se é, Pérola! Sempre me impressionou particularmente aquela estátua alada, orgulhosamente guardiã de uma escadaria num dos mais famosos museus do mundo. A história de Jaujard é muito interessante!
EliminarBeijos. :)
Todos somos responsáveis quando não nos insurgimos contra a bárbarie. E ainda hoje há muita obra de arte em mão alheias, sem possibilidade de regresso à casa de onde foi sonegada.
ResponderEliminarBoa noite, Maria Eu.
beijinho,
Mia
Impressiona, saber dessas obras roubadas a coberto de desmandos.
EliminarBeijos, Mia. :)
Best sunday post ever!
ResponderEliminarUau! Thanks, Uvinha!
EliminarBeijocas. :)
Os Alemães por onde passava arrecadavam tudo, e muitas vezes destruíam.
ResponderEliminarHoje a Alemanha é um país rico, enquanto outros ficaram na pobreza.
Gosto do seu texto.
Bjinho.
A Alemanha esquece-se do seu passado e nós prestamos vassalagem a muitos que a não merecem.
EliminarMuito obrigada, António.
Beijos.
Belo trabalho, Maria.
ResponderEliminarRecordar estas peripécias em que as pessoas correram risco de vida para salvaguardar aqueles tesouros da cultura é de louvar.
Tenho ideia de ter visto o documentário que referes.
Bj
Obrigada. Apenas tentei dar uma rápida visão daquilo que me foi mostrado no documentário. Por sinal, muito bom!
EliminarBeijos, Agostinho. :)