Houve um tempo de silêncio. Não se sabe
como se perderam as palavras, mas fora de repente. A rapariga apaixonada não
foi capaz de dizer do seu amor, o homem da mercearia deixou de enunciar as
maravilhosas especiarias chegadas de Marrocos, nas escolas não mais se ouviram
algarviadas de meninos.
Foram os pássaros que, estranhando a
mudez, iniciaram a época dos gorjeios permanentes. Dia e noite, excediam-se em
melodias extraordinárias, como que a lembrar da beleza da voz.
Primeiro, apenas as criaturas aladas se fizeram ouvir (diz-se que eram anjos disfarçados de pássaros), mas ao longo dos dias e noites, pouco a pouco, começaram as palavras ditas em surdina pelos amantes, logo as crianças se apressaram a desenrolar pequenas frases em reposta aos incentivos dos pais e, não tardou nada a ser um novo tempo, o tempo das palavras ditas.
(Something Not Right - Glen Alfred)
Texto belo. Mas... pouco se fala
ResponderEliminardo ruidoso silêncio que hoje paira
É tanta, tanta palavra
Sem sentido e sem alma
Valem-nos os pássaros
Beijo
Pelo menos, podemos dizê-las!
EliminarDigamo-las bem!
"As palavras em pausa são como farpas
ResponderEliminardestruindo o sentido do silêncio."
Só o amor nos salva da falta que as palavras nos fazem. Porque as palavras também contêm a salvação.
Um exto muito belo.
Uma boa semana.
Um beijo.
São salvação, sim!
EliminarMuito obrigada, Graça!
Beijos
Há sempre um pássaro (atrevido)
ResponderEliminara rondar o parapeito, Maria.
Dentro do silêncio cabem
todas as palavras mas as
mais belas sobem das paredes
ao tecto e soltam-se dos lábios
em melodias de despertar corações.
E agora é escusado calar o vermelho
que desabrocha a flor
da liberdade e do amor
Viva, viva Abril, é neste o dia!
Bj e boa Festa!
Também as palavras podem ser rubras!
EliminarViva Abril!
Beijo